
Leia sobre o Qumrân-instituut e sobre Florentino García Martínez. |
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Uma Seita do Antigo Judaismo
Leia sobre o Qumrân-instituut e sobre Florentino García Martínez. |
O povo assírio de Jerusalém teve um papel importante no descobrimento e preservação por mais de 25 anos desses importantes livros.
A verdade sobre o descobrimento e posse desses livros é conhecida hoje por pouquíssimas pessoas vivas, pois, por motivos políticos (tanto eclesiásticos quanto civís), essa verdade não podia ser revelada até que uma personagem decisiva houvesse passado para a vida futura.
A história que se conhece é que em 1947 dois pastores da tribo dos Ta'amrieh, na Palestina, enquanto pastoreavam suas ovelhas, acabaram perseguindo uma ovelha desgarrada e tropeçaram, dentro de uma caverna totalmente escura, em um jarro que continha um pergaminho de pele de cabra. Tateando mais um pouco, descobriram outros três jarros. Como fossem analfabetos e pela antiguidade do achado, estimaram que ganhariam algum dinheiro, vendendo-o às comunidades antigas de Jerusalém. Isto decidido, levaram os jarros à Universidade Hebraica, que se recusou a comprá-los alegando que eram sem valor pois eram recentes e se tratava de livros de outra comunidade, dos siríacos (assírios). Então os beduinos levaram-nos a um comerciante de antiguidades da comunidade Siríaca Ortodoxa que os levou ao mosteiro de São Marcos da comunidade da Igreja Siríaca Ortodoxa de Antioquia e lá venderam-nos ao Bispo Athanasios Yeshu Samuel por alguns guinéus.
Quando eclodiu a guerra da Palestina, entre as comunidades religiosas não cristãs, mais precisamente as comunidades judia e a islâmica, o Bispo Athanaisos levou os quatro livros aos Estados Unidos da América do Norte e lá vendeu-os a um comerciante ("marchand") inglês por duzentos e cinquenta mil dólares que os levou ao recem criado estado judeu de Israel.
Essa estória, no entanto, apresenta alguns "problemas" de incoerência quanto à verdade. Vejamos alguns:
1) A região onde foram achados, são rochas totalmente áridas, para onde as ovelhas não fugiriam.
2) Se esses "pastores" eram analfabetos, como poderiam saber, ou ao menos "intuir" que se tratava de livros muito antigos?
3) Em 1947, qualquer pessoa que morasse na Palestina, saberia que os judeus pagavam alto por documentos históricos, justamente porque estavam tentando "reconstruir" sua história.
4) Será que os judeus vindos da Europa e América não possuiam historiadores e arqueólogos que pudessem fazer uma avaliação correta de objetos com mais de 1.500 anos?
5) A próxima pergunta é, por que os judeus não pagariam um preço mais alto e escolheram um comerciante de antiguidades de uma comunidade das mais pobres da época?
Bem, a verdade é que não foi isso que ocorreu.
Vou reproduzir a seguir, o que me foi relatado em 1968, pelo Professor Ibrahim Gabriel Sowmy (1913-1996) que viveu lá na Palestina, entre 1922 e 1948. A história desses livros, no século XX começou de forma diferente.
Após a conquista da Palestina pelos britânicos (1918), os beduínos que perambulavam pelo oriente, começaram a sentir alguma pressão no sentido de restringirem seus movimentos e muitos acabaram utilizando métodos diversos para sobreviverem. Entre esses havia muitos contrabandistas. Em geral, contrabandeavam ouro e prata e sal. Lembremos que o sal era importante pois, os ingleses haviam restringido a extração do mesmo do Mar Morto devido à exploração de potássio. Esses dois "pastores", na verdade estavam sendo perseguidos pela polícia inglesa pois contrabandeavam sal. Em sua fuga, correram para as cavernas de Qumrã onde ficaram escondidos por dois dias, até a polícia ir embora. Enquanto estavam na escuridão, um deles acabou esbarrando nesses jarros. Quando aconteceu isso? Em 1926. Agora sim podemos entender por que os judeus não compraram os livros. Na verdade, esses livros não foram ofertados aos judeus que eram, nessa época elementos desconhecidos dos beduínos pois, havia centenas de anos que não havia contato entre eles e os beduínos da Cisjordânia ou da Transjordânia. Os beduínos dessas regiões comerciavam com as comunidades cristãs que estavam lá desde os primórdios do cristianismo, mais precisamente os assírios (siríacos ortodoxos).
Então os beduínos levaram um jarro ao mosteiro e falaram com um dos frades, Padre Yacoub Salhoyo, um padre letrado, vindo de Tur Abdin que percebeu que poderia estar diante de documentos importantes para o cristianismo. Falou com o prior do mosteiro. Decidiram então que verificariam de onde viera o jarro. Os beduínos concordaram e então enviaram com eles três dos jovens seminaristas: Yeshu Samuel, com 16 anos, Petros (Iskandar) Sowmy, 16 anos, Mikhael Mardinoyo e o próprio Padre Yacoub. Voltaram de lá com os outros três jarros. O padre Yacoub pagou aos beduinos três libras inglesas de ouro e ficou com os quatro jarros. Guardou-os na biblioteca do mosteiro com a intenção de algum dia analisá-los e abrí-los para de lá tirar os livros e os ler junto com os outros padres. Por uma série de acontecimentos, os livros ficaram na biblioteca, e no esquecimento.
Em 1946, a comunidade conseguiu fazer um acordo comercial com uma empresa que arrendou uma gleba de terra, propriedade do mosteiro e sobre ela construiu um hotel, com isso, a renda melhorou e os padres resolveram reformar o mosteiro. Quando chegou a vez da biblioteca, o padre Yacoub Salhoyo já havia falecido após ter sido eregido à hierarquia de bispo e os jovens seminaristas já eram o Bispo Yeshu Samuel, o Núncio Apostólico no Egito Mikhael e o frei Petros Sowmy. Então, sob a orientação do Professor Ibrahim Gabriel Sowmy, resolveram entrar em contato com os professores dos museus e universidades internacionais em Jerusalém para obter uma avaliação real dos rolos. A intenção era construir um museu para estudos e visitação dos documentos históricos da biblioteca e outros objetos de valor intelectual do mosteiro e para isso precisariam do endosso de autoridades incontestes no assunto. E o que melhor que os professores de história e arqueologia ocidentais?
Após algumas tentativas frustradas, conseguiram falar com dois jovens americanos que preparavam suas teses, pertencentes à Escola Americana de Pesquisa Oriental (American School of Oriental Research) em Jerusalém, que os receberam visto o diretor estar em férias. Um deles era John C. Trever que em seu livro "The Untold Story of Qumran", relata de forma magistral os desafios da guerra religiosa que irrompera entre judeus e muçulmanos, os encontros e as manobras para conseguir fotografar uma página de um dos rolos, a sua desconfiança que se tratava de algo muito antigo ou uma boa fraude e finalmente a confirmação vinda de W.F. Albright, professor da Universidade de Chicago de que se tratava de uma descoberta muito importante para a humanidade.
Cabe ressaltar alguns fatos:
1) Trever cita claramente que o Bispo Athanasios lhe dissera que os rolos encontravam-se há mais de vinte anos no mosteiro.
2) Trever cita que Ibrahim Sowmy, o irmão do padre Butros (versão árabe de Petros/Pedro) declarara que pela região onde foram descobertos, deveriam ser livros da comunidade dos essênios e que ele, Trever, não concordava.
3) Trever cita que Ibrahim Sowmy declarara que a escrita era aramaico arcaico.
Para a história, o fato é que o governo do mandato britânico e posteriormente, o governo do reino haximita da Jordânia haviam declarado que qualquer objeto descoberto há mais de 20 anos passava a ser patrimônio histórico da nação e com isso estava vedada sua venda ou transferência para fora do país.
Em março de 1948 faleceu o padre Petros Sowmy, vítima de um estilhaço de granada que havia sido atirada para dentro do pátio do mosteiro de São Marcos. Em vista da situação da Palestina o Bispo Athansios Yeshu achou melhor levar os livros para fora da Palestina, pediu autorização ao então Patriarca Aphrem I e viajou com os livros para os Estados Unidos. Lá ele os vendeu por duzentos e cinquenta mil dólares. Comprou uma propriedade que transformou em igreja, em Hakensack, e passou parte do dinheiro ao Patriarcado.
Nenhuma criatura - peixes, algas marinhas ou plantas - vive no Mar Morto. Ele é o lago mais salgado do mundo. A região é uma das mais inóspitas do globo, com uma atmosfera seca e quente, com temperaturas médias variando entre 30 e 40 graus Celsius. O Mar Morto é o ponto mais baixo da Terra, cerca de 400 metros abaixo do nível do mar. Foram esses fatores especiais que preservaram os Pergaminhos até os nossos dias.
No início de 1947, dois jovens beduínos estavam cuidando de seu rebanho de ovelhas e cabras nas encostas dos penhascos alinhados ao Mar Morto, perto de Qumran. Um deles estava procurando um animal desgarrado, viu uma caverna sobre a montanha e jogou uma pedra em sua abertura. Naquele momento, escutou um jarro se quebrar e, curioso, entrou na caverna. Ali, dentro de um jarro, estavam sete grandes rolos de couro contendo Livros da Bíblia do Velho Testamento - as cópias mais antigas conhecidas - e outros manuscritos, escritos entre o Século II AEC e o ano 68 EC. Foi a maior descoberta arqueológica do Século XX.
As pesquisas arqueológicas identificaram centenas de fragmentos dos manuscritos em 11 cavernas da região e só terminaram em 1956. Foram achados textos em aramaico, grego e hebraico. Também foram pesquisadas as ruínas de Qumran, visando identificar as pessoas que depositaram os pergaminhos nas cavernas. As escavações descobriram um complexo de estruturas de caráter comunal, sendo que as cerâmicas encontradas eram idênticas às das cavernas, o que confirmava sua ligação. Vários estudiosos elaboraram a tese de que o local era habitado por membros de um dos grupos judaicos da época: os Essênios.
OS ESSÊNIOS: A COMUNIDADE DE QUMRAN
Os Essênios formaram uma comunidade no deserto, com conceitos e crenças religiosas específicas, que contrastavam com as dos outros grupos. Orações: Os Essênios começavam o dia recitando hinos, músicas e bênçãos. Havia a obrigação de orar antes e depois de todas as ações ordinárias diárias. Rituais de purificação: A comunidade observava as mesmas leis de pureza dos outros grupos, mas de forma mais severa. Seus membros se purificavam várias vezes ao dia, através da imersão em água. Refeições comunais: Eram realizadas duas vezes ao dia por seus membros purificados e possuíam todas as características de um rito sagrado. Propriedade comum: Novos membros, ao serem admitidos pela comunidade, tinham seus bens confiscados e entregues à propriedade comum.
Estão apresentados nessa Exposição aproximadamente 77 objetos entre Jarros, Panelas, Pratos, Cálices, Copos, Garrafas, Moedas, Tinteiros, Tecidos, Sandálias e Caixas de Filactérios (Tefilin).
A maior parte dos documentos de Qumran foram escritos em pergaminhos de couro grosso, presumivelmente de animais pequenos como cabras e ovelhas.
Pergaminhos Bíblicos: Os Pergaminhos do Mar Morto são a cópia mais antiga da Bíblia do Velho Testamento. Todos os livros bíblicos estão representados, exceto o Livro de Ester. Na Exposição, são apresentados sete destes: Gênesis, Êxodo, Levítico, Deuteronômio, Isaías, Salmos e Filactérios.
Textos Apócrifos: Esses textos, não incluídos nas escrituras canônicas judaicas, foram preservados por diferentes igrejas cristãs e foram traduzidos para diversas línguas. Alguns deles são narrativas relacionadas às composições bíblicas e outros são obras independentes.
Escrituras Sectárias: O grupo de escrituras mais original são as sectárias, que eram praticamente desconhecidas até seu descobrimento. Esta literatura revela as crenças e os costumes de uma comunidade religiosa, incluindo regras e ordenações, comentários bíblicos, visões apocalípticas e obras litúrgicas. Três escrituras sectárias estão representadas: Calendário, Regras da Comunidade e Salmos Sectários.
A retirada dos Pergaminhos das cavernas, onde foram preservados por mais de 2000 anos, pôs um fim à estabilidade ambiental que garantiu sua sobrevivência. Uma equipe de cientistas considerou as condições climáticas das cavernas (umidade relativa e temperatura) e sugeriu que os pergaminhos deveriam ser armazenados em um ambiente de clima controlado à temperatura de 20º C e umidade relativa de 50%. Essas são as condições nas vitrines da Exposição.
Mais de 900 textos foram encontrados em Qumran e a vasta maioria dos fragmentos está guardada no IAA, em Jerusalém. A maior parte dos Pergaminhos levou 54 anos para serem publicados, de 1947 até 2001. A edição oficial dos textos foi publicada na série Discoveries in the Judean Desert (DJD), pela Universidade de Oxford, em 39 volumes.
Os Essênios (português brasileiro) ou Essénios (português europeu) (Issi'im) constituíam um grupo ou seita judaica ascética que teve existência desde mais ou menos o ano 150 a.C. até o ano 70 d.C. Estavam relacionados com outros grupos religioso-políticos, como os saduceus.
O nome essênio provém do termo sírio asaya, e do aramaico essaya ou essenoí, todos com o significado de médico, passa por orum do grego (grego therapeutés), e, finalmente, por esseni do latim. Também se aceita a forma esseniano.
Durante o domínio da Dinastia Hasmonéa, os essênios foram perseguidos. Retiraram-se por isso para o deserto, vivendo em comunidade e em estrito cumprimento da lei mosaica, bem como da dos Profetas. Na Bíblia não há menção sobre eles. Sabemos a seu respeito por Flávio Josefo (historiador oficial judeu) e por Fílon de Alexandria (filósofo judeu). Flávio Josefo relata a divisão dos judeus do Segundo Templo em três grupos principais: Saduceus, Fariseus e Essênios. Os Essênios eram um grupo de separatistas, a partir do qual alguns membros formaram uma comunidade monástica ascética que se isolou no deserto. Acredita-se que a crise que desencadeou esse isolamento do judaísmo ocorreu quando os príncipes Macabeus no poder, Jonathan e Simão, usurparam o ofício do Sumo Sacerdote, consternando os judeus conservadores. Alguns não podiam tolerar a situação e denunciaram os novos governantes. Josefo refere, na ocasião, a existência de cerca de 4000 membros do grupo, espalhados por aldeias e povoações rurais.
Adotaram uma série de condutas morais que os diferenciavam dos demais judeus:
Não tinham amos nem escravos. A hierarquia estabelecia-se de acordo com graus de pureza espiritual dos irmãos, os sacerdotes que ocupassem o topo da ordem.
Dentre as comunidades, tornou-se conhecida a de Qumran, pelos manuscritos em pergaminhos que levam seu nome, também chamados Pergaminhos do Mar Morto ou Manuscritos do Mar Morto. Segundo Christian Ginsburg (historiador orientalista), os essênios foram os precursores do Cristianismo, pois a maior parte dos ensinamentos de Jesus, o idealismo ético, a pureza espitirual, remetem ao ideal essênio de vida espiritual. A prática da banhar-se com frequência, segundo alguns historiadores, estaria na origem do ritual cristão do Batismo, que era ministrado por São João Batista, às margens do Rio Jordão, próximo a Qumram.
Segundo o livro Harpas Eternas, os essenios tem origem em Essen, discipulo de Moises, e tiveram como principal missão preparar a vinda do Messias, Yeshua o Messias.